Ministros da Educação tiveram média de dois anos de gestão desde 1979
Os ministros da Educação do paÃs desde 1979 tiveram um curto perÃodo de gestão, alcançando em média somente dois anos, devido à instabilidade provocada por crises polÃticas e econômicas. A conclusão é do jornalista Antônio Gois, autor do livro Quatro décadas de gestão educacional no Brasil.
Segundo o autor, os “tempos conturbados†acabam por deixar a cada ministro um curto perÃodo de gestão, em uma média de cerca de dois anos. “Afinal, o paÃs atravessou nessas quase quatro décadas perÃodos de graves crises econômicas e de instabilidade polÃtica, como o impeachment de dois presidentes da Repúblicaâ€, enfatiza Gois.
A publicação faz uma análise da evolução das polÃticas públicas de educação a partir dos depoimentos de 13 ex-ministros e uma ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnÃsio Teixeira (Inep).
As entrevistas abrangem desde o perÃodo anterior à redemocratização do paÃs, durante o governo do general João Batista Figueiredo (1979-1985), até o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016).
Esses cenários complexos também marcaram, de acordo com o jornalista, as decisões dos ex-titulares da pasta da educação. “Foram tempos difÃceis, mas também de avanços, a começar pela transição democrática após o fim de uma ditadura militar de 21 anosâ€, acrescenta. Além disso, esses gestores tiveram de enfrentar deficiências estruturais do paÃs.
O ex-ministro do primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o atual senador Cristovam Buarque (PPS-DF), cuja gestão durou somente cerca de 12 meses, destaca, por exemplo, que tentou encarar como prioritária a diminuição do analfabetismo no paÃs.
“Para mim, alfabetizar não é nem uma questão educacional, é primeiro uma questão de direitos humanos. A democracia acabou com a tortura nas cadeias, não acabou nas ruas. Segundo, eu sou de uma geração que viu João Goulart – Paulo Freire com João Goulart – falando em erradicar o analfabetismo, que viu Cuba erradicar o analfabetismo depois de Fidel Castro chegar ao poder, que viu os próprios militares preocupados com alfabetização. Isso fica na cabeça da gente, então eu tinha como meta a alfabetizaçãoâ€, diz Cristovam, em seu depoimento.
Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de DomicÃlios (Pnad), com dados referentes a 2016, o Brasil ainda tem cerca de 11,8 milhões de analfabetos. A pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE) indica que 7,2% das pessoas maiores de 15 anos não sabem ler, sendo que, entre os negros, o percentual chega a 9,9%.
A publicação estará disponÃvel para download gratuito na página do Observatório da Educação - https://observatoriodeeducacao.org.br/ - e no site da Fundação Santillana - https://fundacaosantillana.org.br/. As entrevistas foram gravadas em vÃdeo e podem ser assistidas na Ãntegra no link https://observatoriodeeducacao.org.br/web-serie/ex-ministros-de-educacao-do-brasil/.
Fonte: Agência Brasil.